"Ensaiei meu samba o ano inteiro,
Comprei surdo e tamborim.
Gastei tudo em fantasia,
Era só o que eu queria...
Minha escola estava tão bonita.
Era tudo o que eu queria ver,
Em retalhos de cetim.
Eu dormi o ano inteiro,
E ela jurou desfilar pra mim.
Mas chegou o carnaval,
E ela não desfilou,
Eu chorei na avenida, eu chorei..."
Comprei surdo e tamborim.
Gastei tudo em fantasia,
Era só o que eu queria...
Minha escola estava tão bonita.
Era tudo o que eu queria ver,
Em retalhos de cetim.
Eu dormi o ano inteiro,
E ela jurou desfilar pra mim.
Mas chegou o carnaval,
E ela não desfilou,
Eu chorei na avenida, eu chorei..."
Retalhos de Cetim
Benito de Paula
Benito de Paula
Enquanto trabalhava, ouvia as noticias que vinham da televisão. Pouco movimento, dava ate para prestar a atenção. E foi então que interromperam uma noticia para dar um bolhetim urgente...
Eu só vi fumaça, enquanto o jornalista narrava o incêndio na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro.
O fogo estava consumindo parte de um dos maiores eventos do Brasil, um dos mais esperados, mais conhecidos.
Enquanto a todo minuto davam detalhes do que acontecia lá, no meu trabalho, eu somente ouvia salva de palmas pro que acontecia.
As pessoas estavam felizes porque, diziam elas, este era o castigo merecido para a imoralidade que acontecia no carnaval, dentre outras coisas, que prefiro não citar.
Mas eu... Eu não via castigo. Não via alegria... Eu somente vi sonhos sendo esvaidos em fumaça..
Sonhos, desejos, e trabalho..Muito trabalho.
E as críticas ácidas doeram em mim, como se eu mesma fizesse parte daquelas comunidades sambistas, que estavam vendo seu suor queimar.
Não que eu seja uma fã do carnaval. Não que eu concorde com tudo. Mas eu..Me coloquei no lugar daquelas pessoas.
Elas trabalham em outros lugares também, e quando saem, vão dispostas para suas agremiações, para criar tudo aquilo que estava queimando.
Ela vão sem cansaço, sem mau humor. Vão sambando. Vão sorrindo. E vão criando... Vão dando asas e vida aquilo que eu, ou você sonhamos e imaginamos.
Elas criam fantasias. Contam histórias. E se divertem.
E o fogo.. queimou todo suor, alegria, plumas e paetes de um ano inteiro.
Não cabe a mim julgar se o carnaval é certo ou não. Não cabe a mim dizer se o que acontece ali é fruto da malicia das pessoas.
Mais cabe a mim chorar com elas, por verem seus sonhos destruidos. Cabe a mim declarar que é uma festa linda e que o esforço daquelas pessoas valem toda a pena.
Eles são brasileiros. Eles não desistem nunca. Como eu.
Mais de 8000 fantasias foram destruidas, carros alegóricos viraram pó. Porém o que disse o presidente da escola de samba Grande Rio, para mim, foi uma das grandes frases do samba:
Realmente o samba não foi queimado. Meus pêsames aos sonhos destruídos, mas minha alegria ao ver a força e a coragem das pessoas renascerem. Não importa que esta força se manisfeste por causa de uma festa ou de um desfile. Importa é que ela se manifeste. E com ou sem plumas, para mim será o desfile mais bonito do ano.
Eu só vi fumaça, enquanto o jornalista narrava o incêndio na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro.
O fogo estava consumindo parte de um dos maiores eventos do Brasil, um dos mais esperados, mais conhecidos.
Enquanto a todo minuto davam detalhes do que acontecia lá, no meu trabalho, eu somente ouvia salva de palmas pro que acontecia.
As pessoas estavam felizes porque, diziam elas, este era o castigo merecido para a imoralidade que acontecia no carnaval, dentre outras coisas, que prefiro não citar.
Mas eu... Eu não via castigo. Não via alegria... Eu somente vi sonhos sendo esvaidos em fumaça..
Sonhos, desejos, e trabalho..Muito trabalho.
E as críticas ácidas doeram em mim, como se eu mesma fizesse parte daquelas comunidades sambistas, que estavam vendo seu suor queimar.
Não que eu seja uma fã do carnaval. Não que eu concorde com tudo. Mas eu..Me coloquei no lugar daquelas pessoas.
Elas trabalham em outros lugares também, e quando saem, vão dispostas para suas agremiações, para criar tudo aquilo que estava queimando.
Ela vão sem cansaço, sem mau humor. Vão sambando. Vão sorrindo. E vão criando... Vão dando asas e vida aquilo que eu, ou você sonhamos e imaginamos.
Elas criam fantasias. Contam histórias. E se divertem.
E o fogo.. queimou todo suor, alegria, plumas e paetes de um ano inteiro.
Não cabe a mim julgar se o carnaval é certo ou não. Não cabe a mim dizer se o que acontece ali é fruto da malicia das pessoas.
Mais cabe a mim chorar com elas, por verem seus sonhos destruidos. Cabe a mim declarar que é uma festa linda e que o esforço daquelas pessoas valem toda a pena.
Eles são brasileiros. Eles não desistem nunca. Como eu.
Mais de 8000 fantasias foram destruidas, carros alegóricos viraram pó. Porém o que disse o presidente da escola de samba Grande Rio, para mim, foi uma das grandes frases do samba:
"O samba não foi queimado. A vontade da Grande Rio de ser campeã também não foi. Você, de Caxias, segure as lágrimas ou chore para extravasar, mas vamos desfilar. Vamos desfilar com roupa ou sem roupa. A minha intenção é fazer alguma fantasia para a comunidade, nem que seja uma pluma, nem que seja um biquíni com paetê”
Helinho de Oliveira
Realmente o samba não foi queimado. Meus pêsames aos sonhos destruídos, mas minha alegria ao ver a força e a coragem das pessoas renascerem. Não importa que esta força se manisfeste por causa de uma festa ou de um desfile. Importa é que ela se manifeste. E com ou sem plumas, para mim será o desfile mais bonito do ano.
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